Lá vem o Galo
Alberto Arcela
Maior bloco do mundo, o Galo da Madrugada presta este ano uma justa homenagem a Reginaldo Rossi, maior nome do brega e autor de clássicos do gênero como Garçom e Mon amour, meu bem, ma femme.
Ídolo de um geração, ele estaria completando oitenta anos se vivo estivesse, e a lembrança do seu nome cai como uma luva para o desfile da agremiação de uma cidade que sempre se dividiu entre o brega e o frevo.
Com o tema, o bloco espera arrastar dois milhões e meio de pessoas, e se isolar ainda mais no ranking, onde está no topo há muitos anos.
Lembro de Reginaldo desde os tempos em que ele encontrou um broto que disse que ele era um pão, e alguns anos depois quando a gente paquerava na Lagoa ao som de Era Domingo e alguns outros sucessos da época.
Irreverente, fazia do corno um tema recorrente, bebendo na fonte dos tangos e boleros brasileiros para fazer do adultério a sua maior inspiração.
No início, era visto com reservas pela crítica, como tantos outros de sua geração, a exemplo de Odair José – mas a releitura de sua obra, revelou um artista comprometido com os menos favorecidos e mal amados de um universo paralelo.
Nos seus últimos anos de vida, cruzei várias vezes com ele, quase sempre em eventos promovidos por Técio Barros, da Solida, que sempre foi um admirador confesso do autor de As quatro estações, um clássico do gênero.
Devo a ele também, o prazer de ter convivido com outros intérpretes do gênero, a exemplo de Maurício Reis, o poeta do cravo branco, que certa vez acompanhei numa turnê de shows em Santa Rita e Bayeux.
Com eles, aprendi a respeitar o talento da gente simples e a conhecer um mundo novo por trás de palcos, bares e cabarés, que até então só ouvira falar em livros de alguns poucos autores viscerais.
Daí, a minha grata surpresa de ver o maior bloco de carnaval do Brasil, se render ao carisma de um grande cantor popular, das mágoas e desilusões, e ainda por cima promover a fusão de suas canções com a genialidade do frevo de Levino Ferreira e muitos outros que fizeram a festa nos meus tempos de clubes sociais.
E para a felicidade ser ainda mais completa, ter convidado para a festa três paraibanas, em especial a talentosa Nathalia Bellar por quem tenho grande respeito e admiração.
Também vão estar por lá a bela Juliette e a estrela Elba Ramalho, que tive o prazer de dirigir interpretando Aí que saudade de ocê, num projeto de turismo para o Governo do Estado.
Juntas, elas representam a Paraíba, nessa mais do que justa homenagem e nessa fusão de gêneros que levam para a avenida a inclusão social que é a maior bandeira do carnaval de rua.
E digo isso de peito lavado no ano em que João Pessoa fez o maior pré carnaval de sua história.
E viva a folia.