Gonzaga Rodrigues
Da Academia Paraibana de Letras, jornalista, cronista
De pequenas obras também se vive
Há pequeníssimas coisas que dispensam autoria mas que terminam trazendo do borralho de nossas vaidades a parte que temos com elas. São autorias que não vão além do autor e que justificam aquelas memórias saudadas por Flávio Sátiro em ensaio circunstancial como “a história por dentro”, ou seja, o depoimento narrado sem pretensões historiográficas, como quem abraça ou acarinha um álbum nem sempre fotográfico de instantes incrivelmente memoráveis, que nunca nos largam e que os de fora jamais se darão pela significação deles.
Musa do entardecer
O ideal seria que fosse dado a todos sangrar seu substrato lírico, independente de idade ou de estações da vida. Foi o que senti aos primeiros tons da lira amorosa de José Nunes, deixando-se entrar em recaída numa idade em que já nos cansam outros labores.
Coisas incuráveis
Nestes anos mais recentes tenho ido à farmácia quase na mesma frequência que à padaria. Não é de agora.
Patrício Leal de Melo Filho
Já o conheci economista no quadro de qualidade da Companhia de Industrialização, trabalhando, um birô pegado com o meu, ele na sua assessoria, eu usando a primeira horinha do expediente para escavar a minha crônica diária.
Antes e depois de Lima Barreto
Não é todo dia que se diz uma coisa destas: “Só o que nos comove e sacode aumenta a nossa cultura. Há pessoas, por exemplo, e eu me encontro entre elas, que depois de lerem Franz Kafka nunca mais são as mesmas.”
Joaquim Silva
Retomo o livro de Sales Gaudêncio, em sua 2ª edição, “Joaquim da Silva: um empresário ilustrado do império”. No prefácio, o professor Joaquim Falcão, da Academia Brasileira, endossa de antemão a ressalva do autor de que “não pretende fazer a biografia de um ‘tipo representativo’ e sim, fazer uma ‘biografia contextual’ (…) atenta às especificidades individuais, sem deixar de valorizar a época, o meio e a ambiência”.