Memorial do Maior São João do Mundo estende funcionamento até julho e reforça papel na preservação da memória junina

Pela primeira vez desde que foi inaugurado, o Memorial do Maior São João do Mundo — que tradicionalmente funciona apenas durante o período junino — permanecerá aberto até o fim de julho. A decisão atende a um pedido do Partage Shopping, em Campina Grande, onde a exposição está instalada, com o objetivo de ampliar o acesso do público ao acervo e oferecer mais tempo para que turistas e moradores explorem a história da maior festa popular do interior nordestino.
O espaço, que tem curadoria da professora e pesquisadora Cléa Cordeiro, reúne mais de 300 itens relacionados à memória dos festejos juninos da Rainha da Borborema. Fotografias, recortes de jornais, banners publicitários, folders, painéis temáticos e imagens sacras compõem a exposição, organizada para conduzir o visitante por uma verdadeira viagem no tempo. Segundo Cléa, o acervo é composto atualmente por 128 quadros, sete painéis e os tradicionais santos juninos, como São João, Santo Antônio e São Pedro.
“O principal objetivo é manter viva a tradição. Queremos que as novas gerações conheçam e valorizem a cultura”, afirma a curadora. No ano passado, o memorial recebeu cerca de 22 mil visitantes. Com a nova localização — logo na entrada principal do shopping — e o prolongamento do funcionamento, a expectativa é ultrapassar esse número.
A mudança estratégica do espaço, que antes ficava próximo ao estacionamento, trouxe um novo perfil de visitantes. “Agora, quem chega de ônibus, em caravanas ou por transporte por aplicativo, se depara logo com o Memorial. Temos recebido cada vez mais jovens, crianças e turistas que antes não sabiam da existência da exposição”, destaca Cléa Cordeiro. A professora, que se dedica há décadas à preservação da memória cultural campinense, reforça que o museu é mais do que um espaço de exibição: “O museu é uma célula viva. É lugar de escuta, de encontro e de troca. Aqui, a gente escuta histórias, mais do que conta”.
Além de ser um ponto de cultura, o Memorial se torna também uma oportunidade de reviver lembranças afetivas. Foi o que aconteceu com o casal Roberta Montenegro e Maurício Lucena, que viajaram de João Pessoa a Campina Grande especialmente para curtir os festejos. “Estar aqui no memorial me trouxe muitas lembranças da infância. As festas eram exatamente como mostram as fotos — as palhoças, as fogueiras, as bandeirolas perto da Pirâmide. Tudo isso reacendeu memórias muito especiais”, contou Roberta.
A nova localização também facilitou o acesso de visitantes como Maria do Rosário e sua filha Fernanda Ferreira, que também vieram de João Pessoa. “Já tínhamos participado do São João em outros anos, mas nunca havíamos visitado o memorial. Agora, com ele logo na entrada do shopping, ficou muito mais fácil. É emocionante ver a riqueza dessa história contada com tanto cuidado”, afirmou Maria.
Apesar da conquista de maior visibilidade, Cléa Cordeiro sonha com um espaço fixo e definitivo, estruturado para receber pesquisadores, estudantes e o público durante todo o ano. “Esse ainda é um sonho distante, porque não depende só de mim. É um sonho caro. Mas necessário. A memória da nossa festa merece um lar permanente”, enfatizou.
O Memorial do Maior São João do Mundo permanece aberto diariamente, das 10h às 22h, com entrada gratuita. Até o final de julho, seguirá sendo um dos pontos mais visitados por quem deseja conhecer — ou reencontrar — a alma das festas juninas de Campina Grande.