Colunistas

Wagner Moura

Alberto Arcela

Acho que todo mundo, na sua infância, sonhou, dormindo ou acordado, em ser um artista de cinema. Mas, não num filme qualquer, tinha que ser num bang bang, como os que eram exibidos nas matinais do cine Rex, ou num thriller de ação com muitos tiros e beijos na boca da mocinha no final.

O novo baiano Wagner Moura provou agora que esse sonho pode ser concretizado, ao estampar o cartaz do mais recente blockbuster, como protagonista em Guerra Civil, um filme de ação inteligente e bem resolvido.

O trabalho,de Alex Garland, coroa, por assim dizer, a trajetória de um artista com grande talento e enorme preocupação com a vida de sua gente e com o seu país.

Apresentado, em grande estilo, na tropa de elite que contribuiu para a ascensão do cinema nacional que aí está, depois de brilhar em Carandiru e Deus é Brasileiro, ambos de 2003, o novo astro do cinema mundial não para de crescer.

E tem a seu favor uma legião de fãs, onde se inclui a minha filha Cora, que maratonou num único dia os dois Tropa de Elite e o estupendo Sérgio, baseado na vida e morte do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello.

Como ela,milhares de fãs espalhadas pelo mundo são fascinadas por ele, e quero acreditar que até mesmo as filhas e netas de notórios conservadores que conhecemos. não se deixam levar por boicotes contra seus filmes.

Ao seu jeito, o ator de Narcos, depois de avançar muitas casas a frente do que conseguiu Rodrigo Santoro, coloca com um certo atraso um ator brasileiro na linha de frente do cinema internacional.

Assim como, o furacão Anitta começa a ganhar espaço na mídia mundial, mesmo não sendo uma unanimidade em casa. Mas,como toda unanimidade é burra, como bem disse Nelson Rodrigues, não sou eu que vou fazer juízo de valor.

E muito menos censurar ou tentar apequenar o ofício da arte.

Nesse sentido, Wagner Moura que fez Marighela e que se prepara para atuar em O Agente Secreto, tenta acertar contas com um passado não tão distante assim e provocar uma reflexão.

E faz isso com uma maestria que lhe é peculiar, e o diferencia de muitos outros para quem a história não tem a menor importância.

Com isso, escreve seu nome no panteão dos heróis, com o bônus de ter participado do remake de Sete Homens e um Destino, o tal filme de bang bang a que me referi no início desse texto e que marcou a minha vida e de todos da minha geração. E que, por sua vez, foi inspirado nos Sete Samurais de Kurosawa.

Para encerrar, faço minhas as palavras de Chico Buarque nos versos de João e Maria, que compôs em parceria com o mestre Sivuca, quando diz que era o herói e seu cavalo só falava inglês.

Também ele, muito antes de ver a banda passar, também sonhava em vencer todas as batalhas para conquistar a mocinha mais linda do pedaço.

Nesse sentido, era permitido a todos sonhar mais um sonho impossível, e até pensar que ia dominar o mundo como tentou o cavaleiro da triste figura.

Mas, tudo isso são coisas da velha infância que não volta mais, mesmo sabendo que o tempo não vai apagar.

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