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Quando o homem pisou na Lua

Rui Leitão

O dia 20 de julho de 1969 marcou a chegada do homem à Lua, considerado um dos acontecimentos mais espetaculares da história da humanidade. Exatamente às 23 horas e 56 minutos, horário de Brasília, os astronautas norte-americanos Buzz Aldrin e Neil Armstrong, pisaram na superfície lunar, enquanto Michael Collins ficava, solitariamente, a bordo do módulo de comando da expedição espacial Apollo XI, realizada pela Nasa. Armstrong, sendo o primeiro a por os pés em solo do nosso satélite, pronunciou a célebre frase: “Um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade”. Ele, acompanhado por Aldrin, permaneceu por seis horas na superfície, caminhando, coletando materiais, tirando fotos, instalando instrumentos científicos e hasteando a bandeira estadunidense. Tudo foi filmado e transmitido ao vivo para a Terra.

Collins, o único a não descer ao solo lunar, em autobiografia assim expressou o seu sentimento quanto à participação naquele feito histórico: “numa epopéia sem igual na história da humanidade, nesta equipe venturosa, eu era o terceiro de uma equipe de três homens, que não era o ator principal, mas sem o qual os atores principais não poderiam deixar o palco”. Portanto, não atuava como mero coadjuvante nessa extraordinária façanha.

Era o auge da corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética que colocava frente a frente duas ideologias antagônicas. As duas superpotências disputaram durantes as décadas de 50 e 60 a supremacia na exploração e tecnologia espacial motivadas para provar, cada uma, sua própria superioridade técnica e poder militar, alimentando, assim, a propaganda ideológica de seus regimes políticos. Em maio de 1961, John Keneddy, então presidente americano anunciou, no Congresso, a sua intenção de levar o homem à Lua: “eu creio que esta nação deve comprometer-se consigo mesma em atingir o objetivo de, antes do final desta década, levar um homem até a superfície da Lua e trazê-lo de volta são e salvo à Terra”. Humanos caminhando na Lua e retornando em segurança para a Terra realizaram o objetivo estabelecido por Kennedy oito anos depois.

Naquele ano o Brasil havia ingressado na era das transmissões via satélite. A Embratel inaugurou em 28 de fevereiro, no município fluminense de Itaboraí, a Estação Terrena de Comunicação Via Satélite. A data foi programada para que fosse possível transmitir a missão espacial em direção à Lua. As TVs Globo e Tupi transmitiam, sem interrupções, as imagens de Armstrong caminhando sobre a superfície da Lua, seguido por Edwin Aldrin Jr. O repórter Hilton Gomes narrou a chegada dos astronautas direto dos estúdios da Globo, no Jardim Botânico. A perfeição das imagens na transmissão foi tal que levou alguns telespectadores a duvidar de que o homem tivesse realmente pisado na Lua e que aquilo tudo era uma armação da emissora de televisão brasileira.

Tive o privilégio de ver, em tempo real, a conquista da Lua pelo homem. O mundo parou naquele momento, homens, mulheres e crianças na frente da TV. As imagens eram em preto e branco. Eu era um dos seiscentos milhões de telespectadores em todo o mundo, que, naquela noite, testemunharam um dos mais importantes feitos da inteligência humana. O pouso na Lua foi o primeiro evento de mídia global. Era difícil conter a emoção. Lembro que a reação geral foi de espanto e, para alguns, de incredulidade.

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